Dois colegas de trabalho conversam durante uma pausa para o café em um ambiente corporativo moderno
Foto: Freepik

Coffee badging e o protesto contra o trabalho presencial

De acordo com o relatório anual da Owl Labs, quase metade dos trabalhadores híbridos admite usar o “crachá de café”.

Tempo de leitura: 3 minutos

Neste artigo você vai aprender:

  • O que é coffee badging;
  • Quando e por que surgiu;
  • Quais motivos levam colaboradores a seguirem essa tendência corporativa;
  • Como as empresas estão lidando com o coffee badging;
  • O coffee badging no Brasil.

Depois do quiet quitting e grumpy staying, o novo termo no mundo corporativo é o coffee badging. Em tradução livre, o “crachá do café” surgiu nos Estados Unidos como uma forma de protesto ao retorno presencial obrigatório aos escritórios.

De acordo com o relatório anual State of Hybrid Work Report, da Owl Labs, quase metade dos trabalhadores híbridos (44%) admite usar o crachá de café, e outros 11% gostariam de tentar.

O que é coffee badging?

Coffee badging é a tendência corporativa de usar o “crachá de café” — aparecer no escritório tempo suficiente para tomar uma xícara de café e conversar com os colegas de trabalho antes de voltar para casa e seguir o expediente remotamente.

Os motivos comuns entre os adeptos do coffee badging incluem discussões políticas no ambiente de trabalho, distrações que dificultam o foco necessário para tarefas profundas e solitárias, além de deslocamentos caros.

O presencial custa caro

O relatório também descobriu que agora custa aos trabalhadores híbridos uma média de US$ 61 por dia (cerca de R$ 356,24) para ir ao escritório, um aumento de 20% em relação a 2023.

Os custos ficam, em média:

  • Deslocamento: US$ 17 (R$ 99,26) por dia;
  • Estacionamento: US$ 10 (R$ 58,40);
  • Refeições: US$ 13 (R$ 75,92) para café da manhã/café, e US$ 21 (R$ 122,64) para almoço.

     

Esses valores representam impedimentos significativos para muitos trabalhadores híbridos, especialmente considerando que, ao trabalhar remotamente, o custo médio diário cai para apenas US$ 19 (R$ 111,96).

No entanto, 86% dos funcionários híbridos e remotos afirmam que poderiam ser atraídos de volta ao escritório com os incentivos certos.

Os atrativos mais mencionados incluem:

  • Remuneração mais alta (41%);
  • Alimentos e bebidas gratuitos ou subsidiados (26%);
  • Reembolso de deslocamento e estacionamento (26%).

     

Segundo o CEO da Owl Labs, Frank Weishaupt, mesmo com as flutuações do mercado de trabalho, muitos trabalhadores continuam firmes em seu desejo por flexibilidade. “Alguns funcionários veem o valor do escritório, mas querem ir para lá em seus próprios termos”, acrescenta ele.

Como as empresas estão lidando com o coffee badging

Como forma de conter o uso do crachá de café, algumas empresas passaram a adotar medidas mais rígidas, incluindo o uso de softwares de monitoramento para acompanhar a presença dos funcionários nos escritórios.

O relatório da Owl Labs mostra que quase metade (46%) dos colaboradores disseram que suas empresas aumentaram o uso dessas ferramentas de rastreamento no último ano.

Ainda assim, 86% dos funcionários acredita que as empresas deveriam ser legalmente obrigadas a informar quando esses sistemas estão sendo utilizados.

O coffee badging pode virar uma tendência no Brasil?

Com o avanço do modelo híbrido no país e os altos custos de transporte, alimentação e tempo nos grandes centros urbanos, é possível que muitos profissionais estejam adotando, ainda que de forma não declarada, estratégias parecidas para conciliar presença no escritório e bem-estar. 

Em um cenário em que a flexibilidade segue sendo prioridade para a maioria, talvez valha a pena olhar com mais atenção para esses novos comportamentos — não como rebeldia, mas como um sinal de que o futuro do trabalho precisa ser mais negociado do que imposto.

Compartilhe esse conteúdo:

LinkedIn
Facebook
WhatsApp
Email